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terça-feira, abril 27, 2004

A saga da tosga 3 - O discípulo de Belzebu 

Depois deste pequeno prelúdio benfiquista (afinal o Diabo sempre está associado ao vermelho) passemos a mais um episódio da Tipologia do álcool.

Há coisas na vida que nos caem mal. No caso dos discípulos de Belzebu, o álcool é claramente uma delas. Há pessoas que são naturalmente más e, como tal, o efeito do álcool não faz mais que refinar essa maldade, mas noutras faz ainda surgir com maior pujança uma maldade e vil temperamento próprias das profundezas dos Infernos.
Conforme vão emborcando a potente pomada etílica, os Discípulos de Belzebu vão ficando azedos, rudes e até mesmo conflituosos (há quem diga que aquele caramelo de Marco de Canavezes, o Avelino, sofre de alcoolismo crónico, mas eu digo que aí a desordem é de ordem mental). Opinará o sabichão leitor que isto não passa de uma mutação alcoólica Dr. Jekyll / Mr. Hide, o que eu refuto facilmente. Não é, ponto final.
O Discípulo de Belzebu é uma encarnação bélica do espírito Viriato, sempre com resposta torta na ponta da língua alcoolizada e pronto a resolver qualquer problema recorrendo à violência como cartão postal.
Sim, sim, deixa-te lá de conversa teórica e mostra exemplos dessa demoníaca malformação. Nada temam fariseus, exemplos é que não faltam por aí e passarei a enunciar um dos que marcou a minha infância:

Quando era miúdo, morei perto da família Glodita (nome fictício, não para protecção das personagens, mas sim para minha própria protecção). O casal Glodita tinha um filho, chamemos-lhe Trogo e ambos os progenitores eram aquilo a que se chama adeptos do tinto nacional. Infelizmente, o seu amor pela pinga era proporcional ao mau feitio com que ficavam depois de vazados um copos.
Certo dia, o pequeno Trogo brincava na rua e não respondeu rapidamente à mãe Glodita que, já bem bebida, berrava por ele para ir jantar. Talvez porque os predicados culinários da senhora não fossem grande espiga, o pequeno Trogo ignorou a berraria. Entretanto, vindo directamente da Tasca, chegou o Pai Glodita que trazia também algum sangue no álcool. Como não havia maneira de Trogo responder à gritaria, agora em stereo, deu-se um episódio trágico, patrocinado pela Tosga de Belzebu.
Irrompem pela rua fora Pãe e Mãe Glodita, ele munido de cinto e ela de rolo da massa, de faces vermelhas e hálito mortífero, querendo por fim ao momento lúdico de Trogo. Este, vendo-se em inferioridade numérica e sem armamento disponível, tenta refugiar-se no meio dos carros estacionados na rua. Entorpecidos pelo álcool, o casal Glodita tinha dificuldade em apanhar o petiz, para gáudio da multidão que se ia juntando. Os grito e ameaças iam aumentando, tal como a parada das apostas sobre qual dos progenitores acabaria por capturar Trogo. Finalmente, com um golpe de sorte, o pai Glodita aproveitou uma revienga mal estudada por Trogo para lhe afinfar um golpe de cinto que prostrou o pequeno, perante um “AHHHHHHHHH� de espanto dos espectadores. O que se seguiu ficou para sempre marcado na minha mente e talvez nas costas do pequeno Trogo, vítima dos Discípulos de Belzebu.

Trogo é hoje bailarino num cabaret Gay dedicado a actividades sado maso em Paris. Há quem diga que foi para dar desgosto aos pais e assim obter vingança, mas cá para mim ele ganhou foi um gosto especial a levar com o cinto e/ou “rolo da massa�.


A ressaca do álcool nem sempre atinge só quem bebe, têm aqui o caso do pequeno Trogo. Meditem nisso enquanto sorvem um abichanado cocktail com palhinha.



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Zahovic culpa Vilarinho por tosga monumental 

Ao que tudo indica, o esloveno vai avançar com um processo crime contra o anterior presidente benfiquista por conduta danosa e publicidade enganosa. Depois de ter sido apanhado pela BT com uma taxa de álcool que faria corar de vergonha qualquer bêbado profissional, Zlatko Zahovic terá dito que nas concentrações do clube durante o mandato de Vilarinho era o próprio ex presidente a incitar ao consumo etílico dizendo “Façam como eu e bebam e vão ver que ao fim de uns copos até a nossa equipa parece melhor�. Ao contrário do que se diz, Vilarinho apenas abdicou para Luís Filipe Vieira porque o seu fígado já não aguentava as doses maciças de pomada que levava em cima.
Vilarinho já reagiu dizendo “É tudo mentira. Posso dizer que a única coisa que o álcool tem a ver comigo e com o Zahovic é o facto de eu dever estar bêbado quando o contratei.�

A fechar, adiantamos que a DGV já está a investigar o facto de Zahovic estar há vários em Portugal a conduzir com uma carta que na Eslovénia apenas confere habilitações para conduzir máquinas agrícolas. Deve ser por isso que o homem está habituado a pastar em campo...




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quinta-feira, abril 22, 2004

Ã�lcool Gate 2 - O Compincha Meloso 

(ver post anterior para integração no contexto)

Quem nunca foi ou não conhece nenhum alcoólico desta estirpe é porque da última vez que saiu da sua caverna ainda eram os dinossauros que mandavam na freguesia ou então esteve longos anos abandonado numa ilha deserta e o meu cálculo é que beber a própria urina para sobreviver não deve ser grande pomada para bebedeiras. Mas quem são os “Compinchas melosos�? Quando estiverem numa situação em que haja álcool disponível para consumo hão de reparar que existe pessoal que, à medida que vai emborcando, se vai tornando cada vez mais meloso. O sintoma mais grave é o braço com força de Hércules que comprime um pobre infeliz apanhado mais distraído, num enlace por cima do ombro. A suspeita pode ser claramente comprovada se a este abraço se seguir uma frase do género “Epáaaaaa (o arrastar da voz é característico) tu és o meu melhor amigoooo ouviste pá? Táaaaaaas sempre aaaqui pra me apoooiaarr e euuuuuuu nunca me vouuuuu esquecer disso�. O ouvinte também achará difícil esquecer a noite em que enfrentou de frente o hálito vinícola do próprio Baco disfarçado.
Um gajo bem pode dizer que sim, que é o maior amigo desse(a) infeliz (esquecendo-se obviamente em certos casos de referir que lhe anda a comer a/o parceira/o), que sim que vai lá estar sempre a dar apoio, que isso já não vai servir de nada. O abraço da morte está dado e em média passam-se 2 ou 3 horas de conversa de bezano, em que o alcoolizado divaga sobre grandes momentos do passado mútuo, balbucia coisas que nem ele próprio percebe e muito, muito mais. Tudo isto antes de soltar o desgraçado/a do ouvinte do seu tormento. Normalmente, antes de o fazer vira-se para o ouvinte e diz-lhe: “Epáaaaa estás muuuuito caladoo, tás com algum probleeeema, não dizzeeeess naaada� (como se o javardo do compincha tivesse dado grandes hipóteses durante o seu monólogo). A vontade que dá é um gajo responder “Ó meu merdoso, depois de 3 horas a aturar-te a ti e ao teu bafo achas que alguém minimamente humano pode estar com ar de felicidade?�. Mas, lá se tem um assomo de consciência e se diz “Não se passa nada, é só cansaço (de te ouvir?)� antes de fugir a sete pés.
Como forma de ajudar aqueles que são atacados por “Compinchas melosos� em noites de garrafa cheia, aqui ficam duas ou três tácticas de comprovada eficiência:

1 – Passa o bezano e não ao mesmo – Esta é uma velha táctica utilizada que consiste em, depois de se sofrer o abraço da morte, tentar localizar outro amigo comum antes dos vapores do álcool emanados da boca do compincha nos adormeçam a vontade. Depois de localizado, há que chamá-lo e fazê-lo aproximar-se. Se o otário cair nessa, então diz-se ao compincha “Olha quem veio dar um abraço, o/a nosso grande amigo/a X�, forçando um afrouxar de força neste novo abraço e depois aproveitar para deixar outra pessoa entalada no nosso lugar. Está comprovado que a hoste feminina cai mais facilmente neste logro.

2 – Sobrecarga etílica – Aqui, o segredo é tentar que o compincha meloso vá sempre emborcando mais álcool à medida que vai falando até ficar KO. Esta táctica implica um conhecimento do ponto de rotura do Compincha, assim como uma capacidade de sofrimento, visto que dificilmente se consegue apagá-lo em menos de uma hora. Mas tem o bónus de, depois do compincha cair vergado ao álcool, haver sempre a hipótese de nos desforrarmos da seca aviando-o com uma boas bolachadas, com a desculpa de tentar que não adormeçam. No dia seguinte é sempre fácil justificar-lhe a nódoas negras com uma queda acidental de que o próprio dificilmente se lembrará.

3 – Terapia de choque – Esta implica um risco maior, pois tem de se jogar bem a cartada e esperar que a “granada� não nos rebente nas mãos. Quando o compincha nos começa a apertar e com o seu discurso fajuto, há que lhe dar uma novidade bombástica que o envolva e de preferência com alguém também presente na ocasião. Ex: “Agora que me falas na Sandra, sabias que ela se andou a fazer ao teu namorado na última festa? Ela diz que estava na brincadeira, mas não fui só eu que vi que aquilo não é brincadeira nenhuma...� Se a coisa resultar, o compincha pode transformar-se num “Discípulo de Belzebu�, sobre o qual falaremos em ocasião oportuna, e o nosso sofrimento acaba já ali. A vantagem desta táctica é que pode tornar uma festa e situação chata numa épica batalha campal, o problema é que na confusão podemos ser atingidos inadvertidamente e isso já não tem piada nenhuma. Se a coisa sobrar para o nosso lado no dia seguinte, a saída mais fácil é dizer que o bêbado/a percebeu mal o que dissemos, ou até que nunca pronunciámos aquilo de que somos acusados. E quem vai acreditar num desfasado/a?

Se no fim desta epístola toda ainda não se lembram de ninguém assim, talvez seja porque a última coisa de que se lembram das ocasiões sociais em que bebem é estarem a pôr a mão no ombro de algum amigo....

Peçam um digestivo e protejam-se porque vêm aí os discípulos de Belzebu...



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quarta-feira, abril 21, 2004

Pátria de boa pinga, albergue de grandes bêbados 

Toda a gente minimamente informada já deve ter ouvido aquela história de que Portugal tem vinhos do mais fino requinte e valor, que o nosso Porto é já há muito tempo um marco histórico e mundial. Da nossa cerveja nem se fala, isto é que é cevada e malte para homem de barba rija, não é aquela ranhosada que se bebe em terras alemãs ou inglesas. Não comecem já a pensar que este vai ser um apontamento abichanado em que vos anuncio que renuncio à escrita e me dedico a uma carreira de escanção. O que venho aqui abordar é algo de bem mais profundo…
Como dizia, muito se fala dos tipos de vinhos, cervejas e afins de que nos devemos orgulhar, mas pouco se diz acerca da malta que trabalha arduamente para manter o escoamento desses produtos em terras lusas. Tudo bem, de vez em quando lá vem uma notícia estilo tragédia grega, em que se diz que bebemos muito (ganhámos o prémio Seca-Adegas da Europa pelo 3º ano consecutivo), que somos pouco hábeis a conduzir com os copos (é essa desculpa que nos vai valendo, porque se banissem o álcool não sei que justificação íamos arranjar) e que se começa a beber muito cedo (como se não estivesse cientificamente provado que umas sopinhas de vinho antes de ir para a escola até fazem crescer pêlo na venta aos putos).
Mas, tudo isso é pouco, é superficial, não passa de fogo de artifício (o mesmo se aplica aos livros da Margarida Rebelo Pinto). A pesquisa social que conduzi vai mais longe e pode ser aplicada, salvo raras excepções, noutros países desde que haja interesse científico. O meu estudo centra-se nas mutações causadas pelo álcool aos lusitanos do meu Portugal e a minha intenção é criar uma tipologia que permita a uma pessoa ver que tipo de bêbado é o seu marido/mulher, namorado/a e por aí em diante. Certamente aparecerão puritanos a guinchar “Nunca fiz figuras dessas, nem conheço ninguém assim� mas, tirando se derem pelo nome de Irmã Lúcia, não passam de reles mentirosos.
Vou dividir esta crónica em quatro, de modo a não dispersar o interesse científico, ou melhor dizendo, impedir o leitor de adormecer antes do final da mesma.
As cinco categorias base que encontrei são: o bêbado “Dr Jekyl/Mr. Hide�; o “Compincha Meloso�; o “Discípulo de Belzebu�; o “Destiladora� e o “Apagão�.

Comecemos pelo “Dr Jekyl / Mr. Hide� e mais vale dizer já que este formato é válido para gajas e para gajos, que o álcool não discrimina. Este tipo de tosgas são particularmente espectaculares pelo efeito surpresa que causam no resto da malta que conhece o bezano/a. Normalmente, é pessoal que, depois de uns copos, se transfigura completamente passando de um banana inofensivo para um Travolta provocante do “Febre de Sábado à noite� ou de candidata ao prémio “Freira Insensível 2004� para o galardão “Mete o teu Diabo no meu Inferno 2004�. A personalidade dessa gente muda da noite para o dia, mas muitas vezes o problema é que essa transfiguração não é acompanhada a nível físico, o que aumenta o choque. Ver uma gaja feia como um trovão a dançar em movimentações sexy tem tanta piada como ver um compacto dos Malucos do Riso e isto é só um exemplo. O mais lindo do cenário é que normalmente, depois de passado o efeito dos vapores etílicos, esses espécimes não se lembram de nada (ou assim afirmam), mas cá para mim isso não passa de desculpa reles para disfarçar o embaraço.
Como exemplo, gostaria citar o meu grande amigo Tony (chamemos-lhe assim num estilo de protecção de identidade à la TVI), rapaz tímido e discreto, que em noite de grande jantarada seguida de miserável karaoke sofreu uma tosga “Dr. Jekyl / Mr. Hide�. O Tony, como que possuído, saltou para o palco, fez coreografias e saltos de meter inveja a Freddy Mercury nos seus tempos áureos ou a qualquer boys band de renome (e tudo isto durante o My way do Sinatra, essa música mexida) e agrediu todos os que o tentaram tirar do palco durante um libidinoso “Girls Just Wanna Have Fun� da Cindy Lauper. Deu-se então a tragédia: Tony dirigiu-se ao público feminino na primeira fila e ajoelhou-se para um momento mais íntimo com a plateia. Miseravelmente, foi atraiçoado pelo palco que se recusou a ser mais comprido, acabando por se ajoelhar no vácuo e cair com a fuça em cheio no pavimento, que estaria a um bom metro e meio do chão, onde permaneceu até ser carregado em ombros pela multidão, totalmente inanimado.
Resultado: Tony permaneceu uma semana em casa cheio de escoriações, alegando não se lembrar de nada desde o momento em que entrou no restaurante para jantar e, não sendo capaz de superar o trauma e escárnio que os colegas o fizeram passar, acabou por desistir da faculdade.
Hoje é portageiro da Brisa, ganhando bastante mais do que um comum licenciado, através do esquema de desfalques muito em voga nessa instituição, mas no seu âmago é e será sempre uma pessoa marcada pela tristeza e pelo trauma de uma carreira musical e académica literalmente caída em desgraça. O álcool, como se vê, não dá felicidade...

Mas não desanimem fieis leitores e bebam mais um copo enquanto esperam pela próxima categoria.


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quinta-feira, abril 15, 2004

Pequeno apontamento (ir)racional 

�s vezes, durante os 5 minutos diários que dedico à tarefa de pensar, apercebo-me que há coisas muito desfazadas em certas expressões que usamos correntemente e que a maioria considera normal. Precisei apenas de fazer um esforço mental de 30 segundos ( tempo médio diário de raciocínio numa "top model" nacional) para logo me ocorrer a situação.
Porque é que se uma pessoa é apanhada a falar sozinha e justifica o acto com a popular expressão "Estava a falar com os meus botões" toda a gente já não se preocupa mais com o assunto. FAZEM MAL, NÂO É NORMAL UMA PESSOA FALAR COM PARTES DO SEU VESTU�RIO.
Suponho que quem tenha inventado esta expressão fosse um alfaiate assim para o alucinado que não tendo mais com quem conversar, passou a contar lindas fábulas de encantar aos seu botões, algo que deve ser muito saudável.

Se alguém responder, ao ser apanhado a falar sozinho, "Estava a falar com a minha gravata" ou "Debatia assuntos privados com os meus boxers" todos olharão para ele (e com razão) e pensarão "Coitado, mais outro que tabalhou de mais e acabou assim", mas se for com os botões não há problema. Ai não, que não há...

Por isso, aceitem o conselho amigo. Não fiquem sozinhos com pessoal que fala muito com os botões e procurem ajuda para esses infelizes a caminho da alucinação. Agora tenho de ir, porque os meus botões estão a chamar-me para irmos todos lanchar...


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terça-feira, abril 13, 2004

Procura-se bigode farfalhudo e barriga volumosa 

Este par foi visto pela última vez fazendo parte da constituição física de elementos da GNR de antigamente, sendo que este trio constituiu mais um dos símbolos nacionais, que hoje em dia me parece estar em fase de extinção ou em fuga para centros urbanos cada vez mais pequenos.
Pois é, já tenho saudades deles, daqueles típicos e rústicos GNR’s que faziam do seu bigode e da sua proeminente pança um elemento de autoridade que impunha respeito a muita gente. Depois queixam-se que o crime e a violência andam a aumentar…
Aqui há uns anos, cada vez que havia desacatos, pancadaria ou distúrbios no futebol em que estivesse presente uma câmara de televisão, não era difícil identificá-los entre os desordeiros, a tentar ensinar-lhes linguagem gestual com os seus bastões, muitas vezes através de código Morse, já que só ao fim de 20 ou 30 bastonadas nas costas é que se conseguiam fazer entender, levando os rufias a estender-se no chão. Sempre disponíveis a ajudar, ainda me lembro quando um desses saudosos elementos me indicou o caminho a seguir estando eu perdido no meu carro, numa pequena localidade do sul do país. “Então o xôr controla aquela rotunda e depois segue aquela arteja durante 2 ou 3 kms…�. Escusado será dizer, que perdi quase tanto tempo a tentar decifrar o dialecto do indígena como a encontrar o caminho certo.
Porém, hoje em dia cada vez é mais raro vê-los, até parece que andam a raptá-los. Os tipos da GNR que prestam declarações às televisões são na sua maioria jovens de bom porte físico e que se exprimem em português corrente. Ora não há direito, se tanto se fala em preservar o Lince da Serra da Malcata e o dialecto mirandês, porque não fazer o mesmo com o GNR de antigamente e o seu dialecto GNRês.
Por uns instantes, quando começaram a falar num destacamento da GNR a enviar para o Iraque pensei “É isso, tiveram a treiná-los em segredo para agora irem lixar a malta do Saddam�. Era uma grande ideia, só com o que se poupava em camuflagem (bigodes) nos agentes e o facto de que quando abriam a boca não se percebia nada, tal como acontece quando ouvimos falar esse pessoal do Médio Oriente, já dava para lhes comprarem uns UMM’s para irem equipados em pleno.
Já estou a vê-los em acção nas ruas de Bagdad ou de qualquer outra cidade iraquiana. “Psst, psst ó monhé onde é que vais com echa vaquinha e não estou a falar da tua esposa. Vai mas é deixá-la ali ao posto c’a gente prexisa de inspeccioná-la.�. E dirigindo-se ao parceiro “Ó Silva vai mas é buscar umas brasas que hoje já temos churrasco�. Resposta do parceiro “Mas então ó Ferreira qué ca gente põe no relatório?�. “Olha diz que a vaca era suspeita de albergar armas de destruição massiva e tivemos de abrir para verificar�.
Seria também fácil imaginá-los a interagir com as forças norte americanas em prol da pacificação no Iraque. “Ó Son of da pute, vê lá é se you takes the jipe do lugar do sargento Ferreira ou o carrito apareçaite com os taires furates como ontem ouvistes?�. Não me custa também a acreditar que aquele baralho de cartas com figuras iraquianas procuradas também iria dar muitos frutos numa investigação, conduzida através de uma suecada com os indígenas locais.
Infelizmente, logo verifiquei que não era assim, que os GNR que foram para o Iraque eram uns tipos muito certinhos, em plena forma física e que o índice de bigodes estava claramente abaixo dos 10% o que, face aos números antigos, é puramente ridículo.
Portanto, se tem provas que ainda há espécimes destes em funcionamento, não hesite e mande-nos registos fiáveis, para que possa restabelecer a minha fé num dos símbolos nacionais que mais venerei, ao lado do Vítor Espadinha e da Tonicha.



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segunda-feira, abril 05, 2004

O Camões é que sabia... 

Sempre achei piada a essa expressão/personagem criada por Luís de Camões no seu épico Lusíadas, que ainda hoje é utilizada para qualificar os profetas da desgraça que povoam o nosso Portugal.
Uma das razões que me fez reter essa expressão é o facto de eu ser adepto do Belenenses desde tenra idade, sendo que o meu clube normalmente é associado a uma massa associativa com idade bastante avançada (estilo 65,4 anos de média) e deste modo, a expressão trocista Velhos do Restelo me fazer desconfiar que o sacana do zarolho devia ser lampião ou lagarto.
Tudo bem que quando uma das novas claques do clube (a Algália Azul) foi a um dos novos recintos do Euro apoiar o clube só conseguiram entrar ao intervalo, porque os obrigaram a deixar os andarilhos e muletas à entrada, mas não era necessária a referência e piadinha histórica (além disso, é óbvia a razão porque o clube deixou de conceder emblemas de ouro e diamante a quem faça 50 ou 75 anos de sócio, senão a ruína financeira viria a curto prazo).
Mas não é sobre literatura camoniana que se debruça este apontamento, mas sim literalmente sobre os velhos do Restelo, mais propriamente do estádio do Restelo. Tive a oportunidade de ir recentemente ver um jogo de futebol do Belenenses no Restelo e, tal como Portugal é rodeado de água por todos os lados menos por um, também eu fiquei rodeado de velhos por todos os lados menos por um. O meu destaque especial vai para a dupla de veteranos sentada ao meu lado esquerdo, que ficaria tão bem no estádio, como no camarote onde dois outros idosos se sentavam nos saudosos Marretas.
Toda a gente sabe que basta gostar de futebol para haver um treinador de bancada latente no interior de uma pessoa. A idade confere adicionalmente o saber de experiência feito de muitos anos nas bancadas a ver futebol, mas ao ver este jogo e ouvir o que eu ouvi, comecei a pensar se o Camões ao falar nos Velhos do Restelo não estaria possuído pelo Nostradamus. Vejamos então algumas profundas dissertações captadas durante o jogo:

Minuto 20 / Velhote 1 – O que é que está a fazer em campo o Wilson (veterano central do Belém) esse gajo não se mexe, está acabado só tem é de ir para o banco.
Minuto 60 / Velhote 1 (depois de 2 ou 3 cortes defensivos de Wilson) – Este Wilson é que nos safa, se não fosse ele a defesa não se aguentava.

Minuto 30 / Velhote 1 – Este Hugo Henrique (avançado do Belenenses) é uma merda, não vale nada, não ganha uma bola de cabeça
Minuto 31 – Hugo Henrique aponta um golo de cabeça

Minuto 40 / Velhote 2 (depois de ser assinalado penalty a favor do Belenenses) – o Hugo Henrique é que tem de marcar, ele é o melhor gajo que temos aí para marcar penalties (Hugo Henrique atira ao lado) Velhote 1 – Então não se vê que é o melhor…Percebes muito desta merda tu, vê se logo.

Depois deste episódio passaram-se 2/3 minutos de trocas de insultos não traduzíveis entre a dupla de marretas, que incluíram ameaças com bengalas e placas dentária afiadas.

Durante o intervalo, o Velhinho 1 insistiu repetidamente que deveria entrar em campo Rui Borges (médio do Belenenses) por ser um elemento dinâmico e bom para manter a posse de bola.

Minuto 65 – Rui Borges entra em campo
Minuto 67 / Velhinho 1 – Este Rui Borges não faz nenhum, para que é que o gajo foi pô-lo em campo, até parece que estamos a jogar com menos um.

Minuto 77 – Sai Antchouet (avançado do Belenenses)
Minuto 77 e meio – Velhinho 2 – O gajo tá maluco, tirou o Chué (reprodução literal), o único gajo que se mexe nesta equipa. Tirava mas é o Hugo Henrique (claramente um dos favoritos da dupla) que já está a cair para o lado, não faz nenhum.

Minuto 85 – Hugo Henrique faz o 2-0 e assegura a vitória do Belenenses.
Minuto 88 – Os dois velhinhos saem do estádio, dizendo que com esta equipa de merda é bem feito que o Belenenses vá para à II Divisão…

Apesar do tema, esta dissertação serve tanto para quem gosta de futebol, como para quem não gosta, porque isto tem aplicação na vida real. Há grandes teóricos que não dão uma para caixa e também há sempre o risco de se encontrar um profeta da desgraça a cada esquina. Faça o que fizer não se sente ao lado de um durante um jogo de futebol.

PS – Também se pode tirar mais uma conclusão desta chachada. Esse Camões não era tão curto de vista como o pintavam…



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É a Coca, é a Coca 

Estranhei quando disseram que tinham visto o Maradona e o Cannigia no Alto Minho. Nem quis acreditar quando me disseram que a Rede de Expressos ia criar uma tarifa (e uma camioneta) só para toxicodependentes, também para o alto Minho.
Dizem-me que o actual Ministro da Adm. Interna, Figueiredo Lopes ao saber da notícia, terá exclamado “Porra, mais vale porem as matas a arder outra vez�.
Este fim-de-semana quis comprovar o que já se falava em surdina e fui-me informar in loco. É mesmo verdade, perto da localidade de Monção, junto a Valença do Minho existe mesmo um estabelecimento chamado HIPERMERCADO DA COCA ou coisa parecida. Não satisfeitos, parece que os locais celebram todos os anos, A FESTA DA COCA, falando-se inclusive em Santa Coca ou coisa que o valha. Para disfarçar falam num conto para velhinhas com S.Jorge e um dragão, mas não vejo quem caia nisso.
Por isso é que o Casal Ventoso tem estado mais vazio e a gerência a queixar-se de medidas desonestas por parte das grandes superfícies, apoiada pelo Sindicato do Pequeno Traficante Local, que já prometeu tomar medidas mais duras (tal como as drogas).
Hoje é só um hipermercado, mas imaginem, pouco faltará para abrir daqui a uns tempos o “El Corte Colombiano�, com sete andares dedicados ao corte e tráfico de diversos estupefacientes aos melhores preços, se não acreditam confirmem o que vos digo, é só pesquisar no Google as palavras monção e coca.


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quinta-feira, abril 01, 2004

Sabedoria popular 

Como já disse anteriormente sou um penitente utilizador da Carris, mas valorizo cada viagem como se fosse a última, já que se aprendem nos apinhados autocarros em hora de ponta, algumas pérolas de sabedoria que duram para a vida inteira. Numa das minhas jornadas, tive a oportunidade de testemunhar este diálogo entre mãe e filho de família de condição social pouco elevada (há quem lhes chame chungaria, mas eu sou um tipo politicamente correcto).
Diz o petiz, de cerca de 10 anos, para a mãe “Ó mãe, sabias que as mulheres são como as batatas? Ou se comem descascadas ou a murro�. A senhora achou muita piada à graçola e riu-se bem alto, enquanto acrescentava “Ai filho, não sei onde vais buscar essas ideias�. Sentado de frente para eles e tendo a oportunidade de verificar que à mãe lhe faltavam os dentes da frente, até arriscava um palpite…


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Nostalgia Achocolatada 

De vez em quando, dá-me para a nostalgia, não no sentido mais abichanado dessa expressão, mas sim naquela sensação máscula de estilo “Há já uns tempos que não faço um festim sexual de três dias�. Falando em comestíveis, a nostalgia que me deu foi para um chocolate que fez as delícias da minha infância e da conta bancária do meu dentista. Não era um daqueles best-sellers como as Pintarolas ou o Raider (o corrente Twix), nem sequer o bastante refundido Táxi (a barra de chocolate mais manhosa e tradicional que já passou pelo mercado português), mas sim o simpático e prazenteiro Sundy.
O saudoso Sundy era composto por uma fina base de chocolate, coberta com cereais que por sua vez eram cobertos com outra camada de cereais. Não era nenhum manjar de reis, nem deve ter tido assim muitos adeptos, porque nunca mais ninguém ouviu falar dela. No entanto, eu era consumidor regular e entusiasta do Sundy e sempre que me sobravam uns trocos era certo e sabido que lá ia parar mais um Sundy ao bucho.
Esta recordação do Sundy leva-me até ao episódio que faz com que estas linhas sejam mais do que uma reles dissertação sobre um chocolate de segunda há muito desaparecido. Certo dia, depois de uma futebolada com amigos da qual saí plenamente satisfeito, não porque tivesse ganho, mas sim porque tinha conseguido acertar umas boas berlaitadas num gajo que me andava a chatear o juízo, revolvi os bolsos e encontrei os trocos necessários para mais um glorioso Sundy. Não estando perto de casa, resolvi arriscar e entrar num tasco de ar duvidoso mas que era a única coisa aberta ali perto, passível de ter o que eu procurava.
Dirigi-me ao balcão, onde um simpático e barrigudo senhor com uns bonitos dentes (tanto um como o outro) me pergunta:
- Então o qué que vai ser?
Hesitei, mas decidi arriscar:
- Tem Sundy’s?
O indivíduo pensa um pouco e responde com entusiasmo:
- Tenho sim senhor, de quêjo e fiambre, mas também se arranjam uns coiratos.
Não consegui articular palavra, fugi a correr antes de me desatar a rir na cara do homem e me habilitar a uma carga de porrada, mas nesse dia mais uma criança aprendeu que a língua portuguesa é muito traiçoeira…


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